A exposição Catadoras de Luxo, produzida pela Semas, foi idealizada com o intuito de chamar a atenção da sociedade para a grandeza da missão e dar visibilidade as catadoras de resíduos sólidos.

“Para muita gente, pode parecer besteira, mas quando me vi nesta foto, eu tive uma sensação de sonho realizado. Tenho 50 anos e nunca tinha me maquiado, me arrumado para tira uma foto bonita dessa. É muito fora da minha realidade. Ainda mais, uma foto minha, exposta numa conferência internacional. Logo eu que já tive tanta vergonha de minha profissão de catadora. Quando comecei, estava gravida e não tinha formação. O lixão me deu condições de criar meus filhos, de voltar a estudar, e na faculdade, fazendo curso de Gestão de Pessoas, percebi a importância do meu trabalho e comecei a ter orgulho do que faço, porque consegui sustentar minha família com dignidade e ainda ajudar a tornar o meio ambiente melhor. Hoje, quando cheguei nesta exposição, foi a coroação, me vi nesta foto linda e estou muito orgulhosa como mulher, como idosa e como profissional da catação de resíduos sólidos”.

Esta foi a reação de Lindaci Maria Gonçalves, 50 anos, catadora de resíduos sólidos há 23 anos, em Abreu e Lima, Região Metropolitana do Recife, quando entrou na tarde desta quinta-feira, 17, na Exposição Catadoras de Luxo, realizada pela Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade, para promover visibilidade e valorizar estas profissionais da reciclagem. A exposição está instalada no 2º andar do Centro Cultural Cais do Sertão, área central do Recife, onde acontece parte da programação da I Conferência Internacional dos Resíduos Sólidos, Cirsol.

A idéia da exposição também surgiu da intenção de marcar duas datas significativas do mês de março: dia 1º, dia dos catadores e 08, dia da mulher. A escolha das mulheres para serem fotografadas e compor o acervo da mostra, foi através da indicação de 10 cooperativas de catadores de resíduos sólidos da RMR. O ensaio fotográfico aconteceu na cooperativa Coopagres, no bairro de São José, onde Laudicéia Maria da Silva, 63 anos, é presidenta há mais de 20 anos, e como muitas colegas da reciclagem, possuia o mesmo sentimento em relação à profissão: vergonha.
“Confesso que já senti muita vergonha do que faço. Mas, com o tempo, tomei consciência da importância do meu trabalho. Afinal, foi catando recicláveis nos lixões, que criei meus quatro filhos e hoje estão aí, tudo crescido, formado e gente de bem. Graças a este trabalho. Hoje tenho duas missões, ajudar a criar meus netos e continuar cuidando do meio ambiente.”

O secretário José Bertotti encontrou as catadoras homenageadas na exposição e aproveitou o momento para reiterar o que afirmou em seu discurso de abertura da Cirsol. “Quando a gente visualiza a energia e a beleza dessas mulheres, retratadas nesta exposição, a gente percebe que a vida tá pulsante ali. Isso só vem a confirmar o que digo, os catadores e as catadora são os maiores prestadores de serviço ambiental que o Brasil tem hoje e essas pessoas estão dando exemplo muito importante pra gente. Por isso que esta homenagem tem tanta energia, tanta beleza, tanta sensibilização. É um sucesso, essa Exposição, vi que todo mundo passava por ali, parava para admirar, fotografar. Quero também dizer de outro sentimento especial que me tocou: tive a oportunidade de tirar foto com todas juntas, depois de uma por uma, e foi um grande prazer conhecer cada uma delas e afirmar que pessoalmente, elas são mais bonitas ainda”. Concluiu Bertotti.

Foto: Lu Rocha e Pedro Caldas/ Semas PE