Painel conduzido pelo secretário de Meio Ambiente, José Bertotti, abordou o impacto das pressões humanas e as novas iniciativas para promover ações sustentáveis nos oceanos

Os desafios impostos pelas relações socioeconômica, a mudança do clima e importância da preservação dos oceanos estiveram no centro do debate conduzido pelo secretário de Meio Ambiente e Sustentabilidade de Pernambuco, José Bertotti, na tarde desta quinta-feira (12). O evento integrou a programação do segundo dia de diálogos nacionais promovidos Conferência de Brasileira de Mudança do Clima (CBMC). O painel contou ainda com a participação dos pesquisadores João Luiz Nicolodi, do Instituto de Oceanografia da Universidade Federal de Rio Grande (UFRG); e de Camila Yamahaki, do programa de Finanças Sustentáveis da Fundação Getulio Vargas (FGVces).

Ao iniciar o debate, José Bertotti ressaltou a importância de se manter o diálogo aberto entre os diversos setores, ampliando o conhecimento e dando visibilidade a emergência climática vivenciada atualmente, sendo a CBMC, neste sentido, uma das plataformas mais relevantes no Brasil. “Nesse momento, torna-se ainda mais central buscarmos meios para a aceleração das ações visando à mitigação das emissões de gases do efeito estufa e à adaptação aos efeitos do clima, ou seja, buscarmos um futuro que seja realmente sustentável”, disse o gestor, lembrando que a primeira edição da conferência, realizada na capital pernambucana, trouxe muitos resultados, como os compromissos firmados na “Carta de Recife” e na “Carta da Abema”.

O secretário também trouxe à discursão a crise vivenciada no litoral do país com o derramamento de petróleo em 2019. “Lembrarmos que a costa Nordestina e a parte da costa do Sudeste sofriam, há um ano, com o derramamento de petróleo. Um dos maiores crimes ambientais do Brasil que ainda segue impune. É nesse contexto que estamos aqui hoje para abordar as relações socioeconômica e a biodiversidade dos oceanos com os impactos da mudança do clima”, pontou. Ele ressaltou ainda os feitos do aquecimento global já observados no oceano e que podem se agravar. “A absolvição de 27% do gás carbônico pelos oceanos também provoca efeito combinados com o aquecimento global, como a desoxigenação das águas, acidificação e elevação do nível do mar que tem gerado o branqueamento de corais e redução da biodiversidade marinha e da pesca”, detalhou.

Já Camila Yamahaki, da FGVces, apresentou o estudo sobre a possibilidade do Brasil se desenvolver dentro do mercado de finanças azuis, de forma a proteger a biodiversidade e incentivar o desenvolvimento de atividades marinhas sustentáveis. “É um tema relativamente novo. Nós da equipe do Centro de Estudos em Sustentabilidade da FGV estamos começando a nos debruçar sobre ele que se chama Finanças para uma Economia Azul Sustentável. O objetivo dessas finanças é aumentar a canalização de capital para o financiamento de atividades marinhas sustentáveis, para conservação e restauração dos ecossistemas marinhos. Uma das nossas perguntas é: qual o potencial do Brasil em desenvolver um mercado de financiamento para essa economia azul? Ainda não temos essa resposta. Mas, há muitas iniciativas acontecendo lá fora”, pontuou a pesquisadora.

João Luiz Nicolodi, da UFRG, por sua vez, focou a exposição nos impactos da pressão humana sobre os oceanos e zonas costeiras, tendo em vista a exploração de petróleo e o cenário de mudanças climáticas. “Infelizmente é plausível a poluição por óleo e derivados, mesmo sendo isso indesejável. O problema é que esse cenário de poluição por óleo não está nem em discursão. A questão não é se vai acontecer e sim quando vai acontecer. Por mais que a cadeia produtiva do óleo esteja, cada vez mais avançada em termos de segurança, é impossível que não ocorra mais cedo ou mais tarde eventos como esse de poluição. Frente a esse espaço geográfico e cenário, há a necessidade de uma ação/resposta rápida. Há a necessidade de termos um conjunto de medidas prontas para esse tipo de coisa. Essa necessidade é inadiável”, argumentou.

A Conferência – A CBMC é uma iniciativa coletiva que conta com 20 correalizadores: Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), Artigo 19, Centro Brasil no Clima (CBC), Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Pernambuco (Semas-PE), Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), Fundação Amazonas Sustentável (FAS), FGV/EAESP – Centro de Estudos em Sustentabilidade, Fundacion Avina, Hivos, ICLEI – Governos Locais pela Sustentabilidade, Instituto Clima e Sociedade (iCS), Instituto Ethos, Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM Amazônia), Observatório do Clima, Prefeitura do Recife, Projeto Saúde & Alegria, Rede Brasil do Pacto Global, Rede de Cooperação Amazônica (RCA), Reos Partners e WWF Brasil.